sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A ascensão do resto do mundo: os desafios da Nova Ordem Mundial

FONTE: Der Spiegel
DATA DA NOTÍCIA: 3/10 /2008

Os Estados Unidos não são mais capazes de suportar a crise mundial. Mas quem assumiria o seu lugar? A Rússia, o Brasil, a China e a Índia estão em ascensão, mas eles estão competindo também com a Europa e os Estados Unidos por recursos naturais finitos.

Estamos vivendo uma era na qual não há uma única potência dominante. O globo está acossado por crises (...). Nenhum país é capaz de elaborar soluções para problemas desse tipo. Nem mesmo as Nações Unidas estão a altura dessa tarefa.

Quais são as potências decisivas nesta nova ordem mundial? Os Estados Unidos, a Rússia, a Índia, a China, o Brasil e a União Européia estão sem dúvida entre elas. É interessante que estes países estejam se aproximando cada vez mais. A atual crise financeira demonstrou como as relações entre eles se aprofundaram. Outras similaridades são também reveladoras. Com a exceção dos europeus, cada um desses países contém aspectos do primeiro, do segundo e do terceiro mundo. Na megalópole Mumbai, por exemplo, a maior favela da Ásia fica ao lado de uma próspera área econômica. Uma pessoa que faça uma viagem pela Rússia encontrará tanto uma riqueza impressionante quanto uma pobreza absoluta. Até mesmo nos Estados Unidos, o país mais rico do mundo, parte da população luta para ter um padrão decente de vida. Esses países não são nem inimigos nem amigos uns dos outros; eles são "frenemies", competidores na busca por escassos recursos mundiais. Eles asseguram aos seus povos que são capazes de modelar a próxima ordem global e de garantir o futuro bem-estar da população, mas as respectivas idéias de futuro podem variar bastante. (...). As elites produtivas sabem que onde houver favelas haverá "cidades fracassadas" e "Estados fracassados".

Novas alianças que jogam os países uns contra os outros não serão capazes de resolver os desafios do século 21. Novas formas de cooperação internacional, consulta e compromisso precisarão desempenhar um papel central em um mundo multipolar. (...). Somente um futuro comum - "mudança através do bom relacionamento" e não "um choque de futuros" - poderá nos impulsionar para adiante.

LINK:http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/derspiegel/2008/10/03/ult2682u960.jhtm

COMENTÁRIO: Texto bem interessante este do Wolfgang Nowak, ligado ao Deutsche Bank. O conceito de "frenemies" reforça a responsabilidade global que os países de destaque passam a ter em um mundo multipolar e a necessidade de cooperação entre eles. É para pensar muito quando ele coloca que somente um futuro comum poderá nos impulsionar para adiante. Desafios complexos: novas soluções ou o antigo que nunca conseguiu ser feito direito?

3 comentários:

Plurimus disse...

Concordo que a crise atual evidencia o fracasso da supremacia do mercado, que a ideologia neoliberal tentou impor ao mundo. A respeito da necessidade de construção de uma nova ordem mundial, vale a pena ler o artigo "Construir outro mundo, em meio à tempestade", publicado no Le Monde Diplomatique Brasil e parcialmente reproduzido no blog http://plurimusconsultoria.blogspot.com. É uma importante reflexão acerca do esgotamento desse modelo que sempre funcionou para reforçar as distâncias entre ricos e pobres e aumentar a concentração de renda. Além disso, as conseqüências geradas no meio ambiente, já reconhecidas por importantes organismos internacionais, reforçam a necessidade dessa nova construção mundial que se paute também pela preservação da qualidade de vida das gerações futuras. É a perspectiva do desenvolvimento sustentável, que alia o impacto social e ambiental ao econômico. E isso passa necessariamente por um novo modo de negociação entre países.

Daniel Roedel

Anônimo disse...

Bush já garantiu seu lugar na história da humanidade. Seu projeto de poder quebrou a potência hegemônica e fez o gigante cair mais rápido do que se pudesse imaginar. Se China e Rússia não estão cavando uma aliança para assumir o lugar da potência falida, o mundo talvez tenha chance de construir um sistema multipolar mais equilibrado e justo. Lamentável que nesse momento o Brasil seja governado por um torneiro mecânico sem visão de futuro para quem estratégia e geopolítica se resumem a futebol e discursos.

O artigo no link abaixo aborda o projeto de poder de Bush e a derrocada do império dos EUA.
http://www.ofca.com.br/BOTAO_PRINCIPAL/PUBLICACOES_ARTIGOS/ARTIGOS/24_03_08_O_PROJETO_DE_PODER_DE_BUSH_E_A_QUEDA_DO_IMPERIO_BRUNO_ENGERT_RIZZO.pdf

Anônimo disse...

Há algum tempo os números da economia mundial vem demostrando que em futuro próximo os paises desenvolvidos (leia-se Estados Unidos e Europa) vão perder importância progressiva no cenário mundial, tanto na geração de riquezas como no volume do comércio mundial. Antes da crise já existiam projeções de que até 2018 o PIB dos paises em desenvolvimento seria igual ao dos países desenvolvidos. Esta crise e em especial o governo Bush, apenas aceleraram este processo. Vale a pena ficar observando o que esta crise fará com relação a manutenção de tropas americanas no exterior. Será que eles vão continuar a ter caixa para sustentar esta política?