quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Cientistas modificam bactéria para fazer etanol a partir de qualquer planta

FONTE: G1 GLOBO.COM
DATA DA NOTÍCIA: 09/09/2008

Linhagem criada nos Estados Unidos transforma celulose em etanol. Meta é viabilizar a produção do combustível em larga escala naquele país. Cientistas americanos continuam na corrida para desenvolver uma forma de produzir etanol que seja competitiva. Sua última criação é uma bactéria, capaz de comer celulose e excretar etanol, com alta produtividade.

O microrganismo é uma versão "adaptada" da bactéria Thermoanaerobacterium saccharolyticum. Trata-se de uma criatura termofílica (ou seja, que gosta de altas temperaturas) e anaeróbica (ou seja, que não usa oxigênio). Os cientistas, liderados por Joe Shaw e Lee Lynd, do Dartmouth College, nos EUA, modificaram geneticamente o bichinho (rebatizado de ALK2) para que ele produzisse mais e melhor o etanol. Deu certo: além do alto rendimento, acabou que o etanol foi praticamente o único produto gerado pela bactéria.

LINK:http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL752590-5603,00-CIENTISTAS+MODIFICAM+BACTERIA+PARA+FAZER+ETANOL+A+PARTIR+DE+QUALQUER+PLANTA.html

COMENTÁRIO: O processo normal de produção de etanol (álcool etílico) baseia-se na transformação dos açúcares (glicose) ou amidos existentes em certos vegetais em álcool, através da ação de leveduras (Saccharomyces cerevisiae) ou bactérias. Este processo de fermentação é utilizado por estes microorganismos para a obtenção de energia e tem como subproduto o álcool e o gás carbônico. Isto vale tanto para o álcool combustível veicular, para a sua cerveja, para o vinho ou mesmo para a sofisticada champagne.

No caso da cana de açúcar, o caldo é previamente purificado e transformado em mosto, uma solução com teores de açúcar previamente ajustada. A este mosto são adicionadas as leveduras para que ocorra o processo de fermentação, que irá resultar em uma intensa liberação de gás carbônico e a transformação do açúcar em álcool diluído em água. O produto final deste processo é uma solução um teor alcoólico de cerca de 7° a 10° GL.

Esta solução passa então por diversas torres de destilação que irão progressivamente recuperando, concentrando e purificando o álcool até cerca de 96° GL. O resíduo desta destilação é a vinhaça que é posteriormente utilizada para a adubação na agricultura.

O subproduto deste processo é o bagaço de cana que hoje é aproveitado como combustível para queima e geração de energia em termelétricas, que garante a auto-suficiência energética das usinas de cana. Com este sistema de geração de energia prevê-se que as usinas irão gerar até 2020 o equivalente a duas Itapus de energia.

O álcool gerado desta forma representa apenas um terço da energia captada do sol pela planta. Os outros dois terços são energia solar convertida em celulose através do processo de fotossíntese.

As pesquisas estão evoluindo hoje para a obtenção de etanol a partir de restos vegetais abundantes e de pouco valor econômico contendo celulose, como palhas, restos de madeira, ou o próprio bagaço de cana, que não sirvam para alimentação humana ou animal. Este processo é o chamado etanol de lignocelulose e se dá através da hidrólise, que pode ser enzimática ou acida, sendo a primeira mais eficiente.

Isto abre a porta para a utilização de uma grande variedade de matérias primas para geração de álcool e energia, incluindo-se por exemplo, cascas de eucalipto ou qualquer outro resíduo agroindustrial rico em carbono.

No caso do eucalipto, a madeira, galhos ou as cascas são cozidas em água gerando um caldo chamado de licor negro. Este licor negro é utilizado para a obtenção do etanol.

A obtenção de energia a partir que qualquer material celulósico barato irá permitir que diversos países possam reduzir o seu consumo de petróleo e derivados. Isto é particularmente importante para países como os Estados Unidos que estão sujeitos e uma grande dependência de importação de petróleo dos países Árabes, o que gera como conseqüência uma forte pressão políticas nas relações, que entre outros, culminou com a invasão do Iraque pelas tropas americanas para a garantia da manutenção do acesso ao petróleo. O domínio desta tecnologia poderá representar uma mudança na geopolítica global, principalmente no caso dos Estados Unidos que é totalmente refém dos países Árabes e iniciar um processo de mudança da matriz energética para energias renováveis.
Os países membros da Opep detêm 75,5% das reservas de petróleo comprovadas do mundo, o que os dá um enorme poder de barganha no cenário mundial. Do total das reservas mundiais de 61% estão concentradas nos países do Oriente Médio.
Já os Estados Unidos, respondem por 2,4% das reservas comprovadas, 8,0% da produção e 23,9% do consumo mundial.

Hoje existe uma intensa corrida dos centros de pesquisa, principalmente nos Estados Unidos e Brasil, onde a indústria de etanol é mais evoluída, para o desenvolvimento de processo e patentes de produção de álcool a partir da celulose.

De quebra, o etanol é muito menos poluente do que os combustíveis a base de petróleo o que também ira contribuir para redução de emissão de gases de efeito estufa. O meio ambiente agradece.
No futuro poderemos, por exemplo, estar fazendo álcool de caixas de papelão (celulose) do lixo!

Em tempo, a Embrapa já esta desenvolvendo processo para obtenção de Etanol a partir de batata doce e mandioca.
Victor Rizzo - Blog Nossos Negócios